aves05aves05

 

baixapombalina - blog sobre as polí­ticas de intervenção na Baixa Pombalina

 

Click for Lisboa, Portugal Forecast

 

 

Banca de Jornais veja aqui as edições de hoje

 

quarta-feira, outubro 13, 2004

 

| A Gaiola Pombalina e a vulnerabilidade sísmica do edificado na Baixa |

Os investigadores Paulo B. Lourenço, Professor Associado da Universidade do Minho, Luís Ramos, Bolseiro de Investigação da Universidade do Minho e Sara Mourão, Monitora da Universidade do Minho, em colaboração com a empresa OZ desenvolveram há poucos anos um estudo sobre a vulnerabilidade sísmica dos edifícios da Baixa e do património arquitectónico em geral, tomando como referência o emblemático quarteirão do Martinho da Arcada e o conjunto monumental dos Jerónimos.
Os resultados desse estudo não foram nada animadores e, no que concerne à Baixa, ficou clara a relação entre essa vulnerabilidade e o mau trato a que tem sido sujeito o edificado pombalino [a abertura de caves, obras de adaptação em lojas e nos andares, alteração de escadas, ligação de pisos, instalação de elevadores, aberturas para instalação de arrumos e casas de banho no saguão, modificações no telhado e, enfim, um rol de outras intervenções de lesa-património]; tudo isto levado a cabo por proprietários [públicos e privados] sem um mínimo respeito pela memória histórica de um património que José-Augusto França já ousou classificar por “obra-prima do génio humano”.
A juntar a esta impunidade verificámos ainda que as obras são realizadas por empresas não especializadas neste tipo de reabilitações, que se utilizam métodos e materiais “intrusivos” a este tipo de edificado, que as regulamentações do IPPAR são desadequadas nuns casos [repare-se no tipo de telha que se exige para as coberturas] e noutras insuficientes [preservação do saguão, manutenção de alguns elementos internos, salvaguarda das divisões estruturais, a utilização de materiais pesados sobretudo no chão das cozinhas e casas de banho, etc…].
E que dizer do controlo destas obras de intervenção sobre um património classificado que, no caso da Baixa, faz parte de um conjunto arquitectónico que não pode ficar à mercê de situações casuísticas???...
Não basta legislar é preciso fiscalizar.
Mas voltando ao quarteirão do Martinho da Arcada e ao estudo que a Universidade do Minho realizou aqui para testar a vulnerabilidade sísmica dos quateirões da Baixa.
Trata-se de um quarteirão onde “ mais de 50% do sistema estrutural do quarteirão foi profundamente alterado e apenas cerca de 20% do sistema estrutural se encontra ainda na sua forma original! Estes valores são por si só ilustrativos do estado de algum do património em Portugal”.
Por mais inovadora que tenha sido a engenharia anti-sísmica da gaiola pombalina, neste momento em alguns edifícios da Baixa, essa estrutura encontra-se bastante fragilizada com as alterações a que os mesmos foram sujeitos.
Resta-lhes apenas uma consolação: apesar destas fragilidades o sistema anti-sísmico mais avançado do século XVIII aplicado pelo Marquês às casas da Baixa continua a ser o mais seguro de todo o edificado de Lisboa.

 


Comments: Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?