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baixapombalina - blog sobre as polí­ticas de intervenção na Baixa Pombalina

 

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quinta-feira, janeiro 06, 2005

 

| 1755 - Maremoto ou Tsunami ? |



Alguns leitores têm-me sugerido o uso do termo maremoto em vez de tsunami para designar o que se passou em Lisboa em 1755. Desde já agradeço estas sugestões, até porque um blog é feito também pelos seus leitores.
Contudo, embora não seja especialista em geofísica, julgo estar correcto falar-se de tsunami de 1755 em Lisboa e não de maremoto que sempre carregou o sentido catastrófico deste fenómeno natural. Trata-se de um estrangeirismo é certo, mas repare-se que o inglês, que além de grande exportador é - para surpresa de muita gente - um importador voraz de vocábulos, adoptou também a palavra "tsunami" . Talvez porque seaquake, estritamente um tremor de terra subaquático, não dê conta do que vem depois: ondas gigantescas que avançam pelo continente devastando tudo.
Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, e o Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora o termo tsunami provém do japonês "tsunami" [de "tsu", "porto, ancoradouro" + "nami", "onda, mar"]: "Vaga oceânica provocada por um tremor de terra marinho, por uma erupção vulcânica ou por um tufão".
No Dicionário de Aurélio, a palavra maremoto, quer dizer "grande agitação do mar provocada pelas oscilações sísmicas" , mar revolto, que ocorre com certa frequência, apesar de não tomarmos conhecimento em virtude de o fenómeno acontecer em alto-mar. As ondas gigantes, nesse caso, começam e acabam longe da costa.
Tsunami refere-se à onda que se desloca além da orla marítima, avançando em direcção à região habitada.
Assim, pode haver maremoto sem tsunami, já que as grandes ondas que não atingem as cidades não recebem essa denominação de origem japonesa.
Por conseguinte, maremoto e tsunami actualmente não são sinónimos. Entretanto, "cabe lembrar que a Língua é dinâmica, e, por influência do uso de figuras de linguagem como sinédoque e metonímia (ou transnominação) tais vocábulos podem futuramente sofrer os efeitos da sinonímia."
Já agora uma pequena nota sobre a pronúncia de maremoto[ "maremoto [do latim 'mare, -is', "mar" + 'motus', "movimento"] pronuncia-se com o primeiro o aberto (ó) tal como indica o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, tal como pronunciamos terramoto...
A palavra terramoto, ou, talvez melhor, terremoto, vem do latim terrae motu(m), "movimento, abalo de terra", provavelmente por intermédio do italiano "terremoto" ou preferivelmente "terremuòto". Pronuncia-se com o primeiro o aberto: /terremóto/ (ou /terramóto/)." In, ciberduvidas.sapo.pt].

Em suma, parece-me que as descrições feitas das cinco ou seis vagas que tragaram a Baixa de Lisboa em 1755 até às Portas de Santo Antão e que ocorreram noventa minutos após o início do terramoto, por volta das onze horas, no chamado "terceiro tremor" foram um tsunami. Esta fatídica associação [já referida por nós num post de 1 de Novembro de 2004] do elemento água ao elemento terra, ar e fogo foi o que marcou os acontecimentos geofísicos ocorridos em Lisboa no ano de 1755.

quarta-feira, janeiro 05, 2005

 

| «Quelle peut être la raison suffisante de ce phénomène?» disait Pangloss. «Voici le dernier jour du monde», s'écriait Candide. [Voltaire] |



No começo de 2005 Lisboa parece fazer a apologia de Leibniz que via este mundo como o "melhor dos mundos possíveis".
A tragédia provocada pelo sismo na Ásia leva-nos, contudo, a dar razão a Voltaire quando em 1756 escreveu o seu "Poème sur le désastre de Lisbonne, ou Examen de cet axiome 'Tout est bien'" dirigido aos "philosophes trompés qui criez tout est bien":

O malheureux mortels! ô terre déplorable!
O de toutes les fléaux assemblage effroyable!
D'inutiles douleurs éternel entretien!
Philosopes trompés, qui criez: "Tout este bien";
[...]
Direz-vous, en voyant cet amas de victimes:
"Dieu s'est vengé, leur mort est le pris de leurs crimes?"
Quel crime, quelle faute ont commis ces enfants
Sur le sein maternel écrasés et sanglants?
Lisbonne, qui n'est plus, eut-elle plus de vices
Que Londres, que Paris, plongés dans les délices?
Lisbonne est abîmée, et l'on danse à Paris.
[...]
C'est le orgueil, dites-vous, l'orgueil séditieux



domingo, janeiro 02, 2005

 

| Terreiro do Paço no crepúsculo da imago mundi |

 


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