Baixa Pombalina

As tendas e os caixotes do lixo, ao lado, não são um espectáculo dignificante para o Terreiro do Paço. Apetece-me utilizar uma expressão do Público de hoje - "Deixem-no em paz". Não façam inovações forçadas. Seria preferível colocar lá, novamente, as figuras do Botero!…
"Ao longo dos anos, múltiplas foram as tentativas de "animar" este terreiro, e já João Soares, que também queria fazer ali hotéis de charme com rio ao fundo, teve a infeliz ideia de para lá levar uma esplanada, entre outras iniciativas algo pindéricas. Salvou-se então a exposição das obras de Botero, que conseguiu criar um movimento constante de gente na praça, circulando entre as gordas figuras.
Nova investida volta agora, com a criação de uma esplanada num dos lados da praça - que mais valia permanecer despida de tais atributos. O terreiro é árido e hostil, o sol, quando irrompe, é forte, e o barulho dos carros, eléctricos e autocarros em volta não ajuda a criar ambiente. No primeiro dia, ela não conquistou grandes clientes, a avaliar pelo aspecto quase deserto que mostrava ao final da tarde. Pelo contrário, no velho Martinho da Arcada, à mesma hora, a esplanada estava praticamente cheia, sob a protecção das arcadas. Ontem, a exposição de fotografias "A Terra Vista do Céu" levou muita gente à praça e até a esplanada teve clientes, nas inevitáveis tendas com os inevitáveis caixotes do lixo ao lado. Mas nada supera a protecção das arcadas, o único lugar onde de facto há condições para inovar. Ali, no meio da praça, elas soam a falso, como um vaso de flores de plástico a espreitar de uma janela num bairro histórico".[Fernanda Ribeiro, Publico, 23 Maio]