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baixapombalina - blog sobre as polí­ticas de intervenção na Baixa Pombalina

 

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segunda-feira, abril 12, 2004

 

AS TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO POMBALINA




As fundações

"A Baixa Pombalina está situada sobre um antigo braço do Tejo, sendo o seu terreno de natureza aluvionar, razão pela qual esta parte da cidade foi mais afectada pelo sismo de 1755.
De acordo com as sondagens geológicas realizados pelos trabalhos do Metropolitano de Lisboa, Brazão Farinha (1995), esses aluviões são de natureza argilo-arenosa. Possuem intercalações de argila, areias ou saibros, existindo também calhaus rolados, fragmentos cerâmicos e blocos de alvenaria. O "bed-rock" é formado por camadas de argilas magras, calcários e areias, com ou sem calhaus rolados. Os entulhos usados nos aterros para regularizar o esteiro, formam uma camada superficial reduzida, heterogénea. A espessura dos aterros e aluviões ronda os 30.0 m de profundidade em algumas zonas. O nível freático é elevado e encontra-se a 3.5 m de profundidade.
Os alicerces dos edifícios são de alvenaria de pedra e com arcos para conduzir melhor as cargas a transmitir ao solo. A transmissão ao solo é efectuada através de um sistema de grades de madeira constituídas por longarinas e travessas circulares, com cerca de 15.0 cm de diâmetro. Estas são ligadas entre si por intermédio de cavilhas de ferro forjado e apoiadas directamente num conjunto de estacas de madeira de pinho, com 15.0 a 18.0 cm de diâmetro, com cerca de 1.5 m de comprimento e afastadas 40.0 cm entre si, cravadas em verde no solo. A cravação das estacas é feita por intermédio de um maço ou com um engenho apropriado denominado macaco ou bugio."

Fundações dos edifícios:

"Na primeira fase da execução das fundações a plataforma do terreno era compactada com um maço .
Na fase seguinte procedia-se à piquetagem das estacas e sucessiva cravação na vertical das mesmas (3ª Fase). Em cima do cabeço das estacas eram colocadas as longarinas por intermédio de um entalhe (4ª Fase), onde, de seguida se dava o apoio das travessas, procedendo-se à respectiva cravação das mesmas (5ª fase). Na última fase executava-se um massame que envolvia a grade em madeira, ficando a sua face superior a cerca de 0.5 m abaixo da soleira de entrada dos edifícios, pronta a receber as paredes de alvenaria cuidadosamente trabalhadas.
O conjunto de estacas relativamente curtas, proporcionava uma excelente
consolidação do solo, uma vez que estas tinham uma elevada densidade de cravação."

As Fases de Construção dos Edifícios

"Os edifícios eram construídos num sistema de grupos de trabalho rotativo, conforme o tipo de especialidade. O primeiro grupo era formado pelos cabouqueiros, encarregues de executar a abertura dos caboucos, bem como a cravação das estacas, das longarinas e travessas das fundações. Seguia-se a vez dos pedreiros para executarem o massame da base, a construção dos alicerces e de todas as paredes de alvenaria e cantaria de pedra do primeiro piso. Chegava a vez dos carpinteiros, chefiados pelos mestres da casa Risco, que eram especialistas em estruturas de navios, procederem à execução da superestrutura de madeira correspondente a cada andar, em alternância com o grupo dos pedreiros, que executava as paredes de alvenaria."

Efeitos no Decorrer dos Tempos nos Edifícios Pombalinos

"A construção original dos edifícios pombalinos era de excelente qualidade para a época, do ponto de vista estrutural, arquitectónico e de salubridade pública, mostrando ser uma obra da vanguarda da engenharia. Focando agora apenas as características estruturais e distintas de qualquer outra estrutura, as estruturas pombalinas sofreram, com o decorrer dos anos, inúmeras transformações que, provavelmente, resultaram na diminuição da sua rigidez inicial, com efeitos negativos na sua capacidade de dissipar a energia transmitida pelos sismos. A remoção de partes dos edifícios, o consequente aumento de carga em serviço e a introdução de novos materiais como o aço e o betão armado, veio transformar completamente os sistemas estruturais iniciais, com possíveis efeitos negativos. Pensa-se que 80% dos edifícios da Baixa têm ainda uma parte significativa da sua estrutura original, que permaneceu intacta até aos nossos dias, Cóias e Silva (1999). Contudo, o levantamento exaustivo do quarteirão em estudo, permitirá comprovar que esta estimativa é localmente, e numa amostra demasiado pequena, excessivamente optimista."

Publicado em [Lisboa-Abandonada ] partir de uma interessante Análise das Técnicas de Construção Pombalina tendo com referência a Apreciação do Estado de Conservação Estrutural do Quarteirão do Martinho da Arcada; trata-se de um estudo de Luís Ramos e Paulo B. Lourenço, Professores Associados da Universidade do Minho, Departamento de Engenharia Civil.

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