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terça-feira, dezembro 02, 2003

 

Marquês de Pombal na "CAMÕES - Revista de Letras e Culturas Lusófonas"


"Dedicar um número da Camões - Revista de Letras e Culturas Lusófonas à figura do Marquês de Pombal que trouxesse algo de novo a uma historiografia secular, rica e variada, foi o desafio que nos propusemos realizar. Tratando-se de um número duplo, a ideia inicial foi dar a conhecer, numa primeira parte, alguns aspectos menos conhecidos da personalidade e da actuação pombalinas, abordando, depois, a história da reconstrução de Lisboa e da marca que o urbanismo setecentista deixou na cidade e que persiste até aos nossos dias. A personalidade do Marquês e o seu governo controverso permanecem motivo de polémica até hoje. Detestado por muitos, admirado por outros, a controvérsia que a sua actuação suscitou ao longo de décadas, perpassa, como um fio condutor, pelos textos que compõem este número da Revista. Para além do mito, ficou o lastro ideológico, a um tempo reformador e autoritário, voluntarista e despótico que atravessa todos os quadrantes da sociedade portuguesa.
Os três primeiros artigos abordam a personalidade do Marquês numa espécie de jogo de espelhos. A abrir, o magnífico texto de Agustina Bessa-Luís, "Memórias pombalinas do Marquês de Bombelles". Um outro marquês, chega a Portugal como embaixador de França, após a morte do Ministro, e é confrontado com a sua sombra nas paredes do paço real e na memória dos seus descendentes, dos que lhe sucederam no governo do Reino e da própria Rainha. António Pedro Vicente faz uma síntese rigorosa da actuação pombalina, no contexto do Iluminismo, sublinhando que o Marquês foi, sobretudo, um percursor do Portugal moderno. José Esteves Pereira analisa um opúsculo apologético, publicado após a tentativa de assassinato do Ministro em 1775, intitulado "Preces e votos da Nação Portuguesa ao Anjo da Guarda do Marquês de Pombal", concluindo que se tratou de um instrumento de propaganda da política pombalina, sob a capa de uma teorização do carácter sagrado do poder régio.
Segue-se um conjunto de textos sobre aspectos diversos da actuação de Carvalho e Melo. Nuno Monteiro revela uma perspectiva diferente da relação entre Pombal e a aristocracia portuguesa, nomeadamente no que toca ao papel político e social da grande nobreza de corte. Fernando de Sousa explica as origens conturbadas da fundação da Companhia Geral de Agricultura e Vinhos do Alto Douro. Jorge Couto dá-nos uma panorâmica do Brasil pombalino que se tornara, durante o século XVIII, pedra angular do império português. Eugénio dos Santos aborda a difícil relação entre Pombal e os Oratorianos. No campo da cultura, Cristina Fernandes fala da evolução da música sacra na época, nomeadamente o seu significado sociológico e Duarte Ivo Cruz faz uma síntese do teatro produzido pelo movimento literário da Arcádia Lusitana.
A segunda parte deste número da Revista Camões está organizada em torno da reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755 e das suas consequências para a história urbanística da capital. José-Augusto França define-a, exemplarmente, como a primeira cidade do Ocidente no quadro do urbanismo das Luzes, entre a fundação de S. Petersburgo e de Washington. Manuel Canaveira faz uma análise da toponímia problematizando, em tom por vezes irónico, o novo topos urbano, que se transformou no centro da vida politica dos últimos duzentos e cinquenta anos. António Miranda e Helena Pinto Janeiro falam da recuperação arquitectónica da residência da família do Marquês em Lisboa, o Palácio dos Carvalhos situado na Rua do Século. Renata Araújo retoma o tema do Brasil pombalino, desta vez na perspectiva do urbanismo iluminista que presidiu à construção das cidades do império. Teresa Rodrigues dá-nos uma visão da vida quotidiana nos tempos modernos. Com os últimos textos entramos, na época contemporânea. A cidade liberta-se dos limites estreitos impostos pela Baixa pombalina com a abertura do Passeio Público, centro da nova sociabilidade oitocentista e, posteriormente, da Avenida da Liberdade e do Parque Eduardo VII, evidente em Françoise le Cunff. Ainda e sempre sob a égide do Marquês de Pombal, como transparece nos textos de Gabriela Carvalho e José de Monterroso Teixeira, a construção da Rotunda e da sua estátua emblemática estabelece uma nova centralidade, abrindo as portas às Avenidas Novas e à Lisboa do Século XX"
.[Piedade Braga Santos, in Instituto Camões]

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