|
Banca de Jornais veja aqui as edições de hoje
sexta-feira, outubro 10, 2003
SOBRE O DEBATE, "A CAPITAL" HOJE
Como salientaram quase todos os intervenientes nas jornadas de ontem, a Baixa tem um carácter único.
José-Augusto França, da Universidade Nova de Lisboa, considerou que a reconstrução desta zona depois do terramoto de 1755, é comparável à construção de Washington, nos Estados Unidos da América, e de São Petersburgo, na Rússia, construídas como capital dos respectivos países pela mesma altura. Ambas foram das primeiras cidades modernas a ser planeadas e construídas de raiz.
Sidónio Pardal, da Universidade Técnica de Lisboa (UTL) , explicou que esta é uma obra de mérito absoluto no domínio da arquitectura, e com inovações como a água potável e saneamento, a protecção contra o fogo e anti-sísmica ou o sistema de recolha de lixo. "A candidatura a património Mundial pode ajudar a corrigir a actual decadência que se vê à vista desarmada". No entanto, "sem a resolução do problema jurídico das rendas e da especulação imobiliária, a Baixa vai continuar em grande parte abandonada, pois não interessa a ninguém conservar", afirmou. "E a robustez da Baixa Pombalina é muita, mas tem limites, que estão a ser postos em causa com a gestão urbanística das últimas décadas".
João Appleton, engenheiro de estruturas da UTL, acrescentou que com a construção de pisos acima do que vinha no plano original do Marquês de Pombal. "a Baixa está hoje mais frágil que antes do terramoto de 1755: todas as intervenções desde o século XIX têm sido para destruir a Baixa, e a malha urbana original já não é visível e está tapada por construções mais ou menos infames que foram feitas".
As jornadas sobre a Baixa Pombalina continuam hoje, a partir das 10 da manhã, no Welcome Center, na Rua do Arsenal.”
A CAPITAL – Sexta-feira, 10 de Outubro 2003 [p.5]