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baixapombalina - blog sobre as polí­ticas de intervenção na Baixa Pombalina

 

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terça-feira, outubro 14, 2003

 

OS PRIMEIROS TRANSPORTES - OS CHORAS, OS AMERICANOS E OS AMARELOS NA BAIXA POMBALINA

A primeira companhia de transportes da cidade de Lisboa , teve a sua sede na Praça do Município e cavalariças na rua do Crucifixo. Durante trinta anos (1835-1865) as suas carruagens percorreram as ruas da Baixa, da cidade e arredores.
Uma ida a Belém custava 120 réis, a Benfica 160 e quem fosse para Carnide teria de desembolsar 200 réis.
Em 1865 ocorreu um incêndio nas suas cavalariças, que dizimou mais de metade dos animais, e, marcou o princípio do fim desta empresa, que aliando uma gestão ruinosa aos altos preços praticados, não conseguiu sobreviver a esta catástrofe.


"Nos finais do século passado, Lisboa estava polvilhada de pequenos operadores que actuavam no ramo de transportes, e que transformavam a Baixa Pombalina, num autêntico mar de carripanas de todas as cores e feitios.

O sucesso dos americanos da Carris e o facto de apenas ser necessário o pagamento de uma taxa, para iniciar esta actividade, sem necessidade da celebração de qualquer contrato com a Câmara, contribuíram decididamente para este estado de coisas.

" O serviço era oferecido em carros sujos e desconfortáveis, puxados por um par de pilecas de aspecto doentio, e as companhias operavam numa rede limitada ao centro da cidade ou ainda onde a Carris tardava em assentar carris."


Tão grande número de carruagens num espaço tão pequeno como a baixa de Lisboa, originava frequentes acidentes e incidentes que na maior parte das vezes acabavam em pancadaria.

As pequenas companhias de transportes, além de manterem uma concorrência feroz com os americanos, degladiavam-se entre si, numa luta sem tréguas pela sobrevivência, baixando muitas vezes as tarifas até limites quase suicidas ou socorrendo-se de toda a espécie de expedientes para ganhar clientes.

" A mentalidade empresarial era tacanha e virada essencialmente para o lucro fácil e imediato sem olhar a meios, as empresas exploravam percursos comuns e de curta extensão, não ambicionavam orientar o serviço para outras áreas, de que podiam beneficiar largamente aproveitando a inexistência de americanos, e esta incapacidade em entender que os magros lucros da exploração no centro da cidade (causados por curtos percursos e agravados pela necessidade de manter tarifas baixas) só poderiam ser ultrapassadas por uma política completamente diversa da existente, viria a ser fatal para a sobrevivência dos omnibus."

Melhor estruturada, com maiores capitais e com grande influência sobre a Câmara de Lisboa, a Carris soube aproveitar o que de melhor esta situação lhe podia oferecer. E habilmente através dos diversos contratos celebrados com a Municipalidade conseguiu sempre que a situação revertesse a seu favor.

Para conseguir o seu objectivo, que era o monopólio dos transportes na cidade de Lisboa, a Carris, pelo contrato de l892 propôs-se por um lado comprar todas as empresas concorrentes, e por outro, conseguiu fazer passar uma cláusula em que "por cada carro que explorasse a indústria de viação de transportes, com a faculdade de parar na via pública para receber ou deixar passageiros" teria de pagar uma taxa de 500.000 Réis, ficando apenas isentas deste pagamento as empresas que tivessem um contrato especial com a Câmara.

Não conseguindo resistir a este imposto, pois até aí pagavam apenas entre 4.800 e 8.400 réis, consoante o número de carros e de animais utilizados, doze companhias de transportes foram de imediato absorvidas pela Carris, tornando-se accionistas desta. Desta razia ficaram de fora, o Jacinto Gonçalves, o Ripert, e o Chora. O primeiro pouco tempo depois rendeu-se, o segundo ainda resistiu até 1894 e o terceiro conseguiu bravamente resistir até à primeira guerra mundial, vindo anos depois a fundar a empresa de camionagem Eduardo Jorge.

Com o advento da tracção eléctrica já no nosso século, e depois de ter eliminado toda a concorrência, incluindo a Companhia dos Ascensores Mecânicos de Lisboa, a Carris de Ferro, com os seus simpáticos "amarelos", conseguiu finalmente a monopólio dos transportes na cidade de Lisboa, pelo qual tanto lutou, durante mais de um quarto de século."

Os «americanos»



Bilhetes de Americano



OS  "AMARELOS"


Foto cedida pelo pesquisador norte-americano Allen Morrison


Amarelo (Foto: autor não identificado)


bdlisboa.JPG (36269 bytes)


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