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baixapombalina - blog sobre as polí­ticas de intervenção na Baixa Pombalina

 

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sexta-feira, outubro 31, 2003

 

A ENGENHARIA ANTI-SÍSMICA DA GAIOLA POMBALINA


A rápida propagação do incêndio do Chiado em 1988 ajudou a compreender, para muitos, a verdadeira estrutura interna dos edifícios da Baixa Pombalina.
Aparentando ser de alvenaria, na verdade as fachadas disfarçam uma estrutura interna em madeira - a gaiola, obra-prima da tecnologia anti-sísmica dos engenheiros portugueses que o Marquês encarregou de reconstruír a Baixa, após o terramoto de 1755.
Stephen Tobriner [no artigo “Compreender a importância da Gaiola Pombalina, o sistema anti-sísmico mais avançado do século XVIII”, publicado na revista Pedra & Cal, n.º 11, pp. 13 e 14] descreve a gaiola como um “sistema construtivo standartizado que incorpora uma quantidade de métodos inovadores, desenhados para resistir e dissipar as forças sísmicas “; de entre esses métodos, destaca-se uma estrutura interna em madeira disposta geometricamente e na diagonal. Esta disposição diagonal da madeira reforça a estrutura e, ao mesmo tempo, torna-a “flexível para absorver e dissipar as forças laterais”; há, por outro lado, a partir do primeiro andar um “sistema de travamento tridimensional”.
Desconhecendo-se no século XVIII o conceito de forças sísmicas, pergunta, então, Stephon Tobriner - “Como apareceu a ideia? Estariam os engenheiros certos das suas suposições? Qual seria o comportamento da gaiola num terramoto? Estaria a Baixa segura?”

Para respondermos a estas perguntas, nada melhor que o Engenheiro João Appleton , num exercício de ficção por si realizado no trabalho “O MEGASISMO DE LISBOA NO SÉCULO XXI OU VULNERABILIDADE SÍSMICA DO PARQUE EDIFICADO DE LISBOA”, disse: “suponhamos então que no dia primeiro de Novembro do ano de 2005, precisamente 250 depois da grande tragédia, Lisboa é abalada por um sismo “igual” ao de 1755, isto é, com a mesma origem, o mesmo epicentro e a mesma magnitude. Em tal situação hipotética que é, entretanto, o medo que muitos arrastam, o que acontecerá à cidade: acordará destruída e de luto carregado, contando e chorando os seus mortos ou, pelo contrário, passará incólume pela “besta” e será motivo de orgulho para os lisboetas e de admiração para toda a Europa?”

A “baixapombalina” publica, agora , para estas duas possíveis situações , as duas eventuais notícias[ em ficção ] que lhes correspondem, segundo o Engenheiro João Appleton :

[A]“ A notícia
Desastre anunciado
Lisboa, 2005-11-02

Lisboa foi ontem abalada por um sismo devastador que reduziu a escombros a cidade antiga, mas ao qual não escaparam construções modernas em todas as zonas da capital do País.
Os primeiros balanços, ainda não confirmados, em virtude do colapso do sistema de comunicações e de abastecimento de energia que isolou a cidade, apontam para estimativas que dão ideia da dimensão da tragédia: mais de 1500 edifícios totalmente arruinados encheram as ruas de escombros, impedindo o acesso de bombeiros e de outros veículos de assistência aos mais de 60000 feridos.
Informações não confirmadas ainda referem cerca de 15000 vítimas mortais, muitas tendo ocorrido com a ruína de dois hospitais e de sete escolas; prepara-se a chegada de ajuda internacional, tendo as Nações Unidas respondido positivamente aos apelos das autoridades nacionais com o envio de brigadas especializadas na busca de vítimas entre escombros e com alimentos, medicamentos e outros bens de primeira necessidade.
Começa a fazer-se sentir uma enorme onda de descontentamento, generalizando-se as acusações de incúria e negligência aos governos das últimas décadas que nunca tiveram qualquer política coerente de salvaguarda do edificado e de reabilitação estrutural de milhares de edifícios que, diz-se, há muito se sabia não terem capacidade para dar resposta adequada a uma catástrofe desta importância.”


[B]
A Notícia
Lisboa, 2005-11-02

"A comunidade científica mundial tem vindo a exprimir a mais profunda estupefacção, perante o resultado do sismo de magnitude 8.2 da escala de Richter, que abalou Lisboa ontem, e do qual a cidade escapou quase incólume, apenas se tendo registado a queda de cerca de uma dezena de edifícios, três dos quais estavam, aliás, a ser objecto de uma operação integrada de reforço estrutural. Prepara-se o envio de duas importantes delegações americanas e japonesas, integrando os maiores vultos da sismologia e da engenharia sísmica internacional, que têm agendada a participação num curso leccionado por especialistas portugueses que darão conta da regulamentação nacional especificamente dedicada ao reforço sísmico de edifícios e da prática construtiva seguida nos últimos anos, com o que Portugal se colocou na vanguarda
dos conhecimentos nesta área.
Foi entretanto nomeada uma comissão de inquérito com o fim de averiguar o motivo porque se terá dado o colapso de dezenas de chaminés no Algarve, aparentemente porque estes elementos foram excluídos do programa de reforço sísmico; as conclusões do inquérito serão publicitadas nos próximos três dias".


Conto “postar” proximamente o seguimento e comentário destas “notícias”. Primeiro vou ter de examinar o edifício pombalino onde moro, na Rua dos Douradores. Até lá , deixo em “desassossego” os meus leitores ou não fosse esta a rua do Bernardo Soares.





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